quinta-feira, 17 de setembro de 2015

#57 - Alto.

Chegou em casa meio alto.
Não sabia bem se era culpa da mistura de cachaça docinha e cerveja, ou se era culpa dela.
Ele andava pensando muito nela, se desligava do mundo, e sem que soubesse explicar, acordava nas nuvens. Era o tipo de "amor platônico" que fazia o mundo dele mais dolorido, e por isso, bonito.

Nunca soube o porque, mas gostava daquela dor. Talvez porque a dor o fizesse pensar em outra coisa que não o momento ruim em que se encontrava. E como ele só pensava nela, não tem espaço pro resto nesse texto.

Dentre suas muitas teorias mirabolantes sobre o encontro dos dois, sem data marcada e nem mesmo certeza de que aconteceria, as vezes pensava se não era melhor deixar assim, deixar no "se". Quantos amores não deixaram de ser amor depois de se conhecer melhor? E se ele perdesse aquela imagem da mulher perfeita depois dos primeiros cinco minutos de conversa? Ou depois do primeiro beijo? Ou depois do primeiro banho a luz de velas? Ou depois da primeira noite de amor?

Mas... e se não perdesse?
E se não perdesse mesmo depois do primeiro carnaval? E se ele tivesse aquela vontade surreal de encontra-la pra resolver as coisas depois da primeira briga séria? E se ainda estivesse com frio na barriga na hora de pedir em namoro, mesmo depois das amigas garantirem que ela estava mesmo afim? E se eles fossem um novo "cajout"? E se ela for realmente a mulher da vida dele?

Enquanto isso, começa a tocar "Nem tchum", e ele acha que talvez a vida até que tenha senso de humor. "Olha" - pensou - "Já estou nas nuvens de novo..."

Será que é a cachaça e a cerveja? Ou será que é culpa dela?