domingo, 8 de maio de 2016

# 95

O tempo é ouro.

E ele descobriu isso depois de muitas indas, vindas e incertezas sobre o porque daquilo tudo.

Não era de hoje que lembrava daquela garota. Se conhecerem ainda pirralhos, na terceira ou quarta série. Enquanto ele chegava numa cidade nova, tendo de se adaptar a tudo, ela fazia o caminho contrário, e ia de encontro a outro estado devido ao trabalho dos pais. Só tiveram duas semanas de convivência na escola, que serviu apenas para deixar uma foto registrada, do evento de dia das crianças.

Alguns bons anos depois, se encontraram de novo, quando ela foi visitar uns parentes na cidade. Coincidência ou não, ele tinha se tornado um bom amigo de um dos primos dela, e acabaram por passar uns dias juntos em algum período de janeiro. Ela, já era uma moça feita, que arrancava olhares por onde passava e partia corações de quem ficava encantado com seu jeito tão solto. Ele, rapaz responsável, dividindo seu tempo entre o trabalho, um cursinho de fotografia que tinha cismado de fazer, e a namoradinha da época. Mas mesmo assim não deixou de se encantar por ela, e ser também um dos bobos apaixonados com o coração partido quando ela foi embora. Mas sobrou tempo dele testar suas novas habilidades de fotografia com uma câmera que tinha acabado de comprar, tirando fotos das férias, dos dias de praia, e vez ou outra, dela.

Dois anos e um mês, e em uma viagem já muito esperada por ele, os dois se encontraram de novo no ultimo dia do carnaval de ouro preto. De tudo que tinha planejado para aquela viagem épica, nunca poderia imaginar encontrar, e ainda mais se apaixonar perdidamente por aquela, agora loira, garota de sempre. No primeiro momento, os olhares se cruzaram. Da mesma forma que ele sorriu ao ver aquele rosto guardado em sua memória, ela sorriu em retribuição. Dessa vez, tiveram um tempo de conversar, e por algumas horar riram de tudo. Da cerveja já quente naquela festinha da republica, dos outros participantes, mais bêbados que eles, se jogando na piscina e molhando todos em volta. Ela ainda riu quando ele falou da queda por ela naquele verão, e como acabou ocasionando o término do antigo namoro. E riu também quando ele segurou a cintura dela. Mas quando chegou o rosto mais perto, ela não se afastou. E quando ele a beijou, retribuiu.

Deu tempo pra mais uma foto, do celular, antes que a bateria acabasse. Mas ele não deixou por isso, arrumou papel e caneta para que ela anotasse seu numero antes de ir, e guardou no bolso com todo cuidado do mundo.

Quando chegou na casa onde estava, com vários colchões no chão, tendo que saltar sobre casais animados e amigos derrotados pelo álcool até achar seu carregador, abriu o papel que dizia:

"O tempo é ouro. Deixa o destino agir, é mais legal assim."

Percebeu que mesmo de cabelo pintado, aquela continuava sendo a morena que sumia com frequência deixando corações a deriva.

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